segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Israel vs Palestina


Os acontecimentos de 11 de setembro nos Estados Unidos trouxeram à tona a questão religiosa para o centro das discussões intelectuais em todo o mundo. Entramos no século XXI com um antigo dilema existencial: fé versus razão. Com efeito, pensávamos que esse debate tivesse sido sepultado desde pelo menos o século XIII, quando os universitários medievais discutiam acaloradamente a possibilidade de unir as verdades da religião e da filosofia.
Por outro lado, durante algum tempo, a intelectualidade brasileira acreditou que toda análise da vida humana passava necessariamente pelo crivo da economia: o homo economicus prevalecia nas mentes dos acadêmicos como um tipo ideal pujante e necessário ao entendimento da História.
No entanto, a persistência do homem-bomba palestino, do mártir em prol da fé, do suicida-crente na destruição final tanto do capitalismo quanto do imperialismo norte-americano e de Israel mostrou à opinião pública mundial que o tema da religião permanece no centro da existência humana e que a chamada Questão Palestina e o Estado de Israel são itens obrigatórios da pauta de discussão nas relações internacionais. Como se chegou a este ponto? Qual a história da questão árabe-israelense? Esta palestra de hoje tenta responder a estas duas perguntas. Assim, farei um breve histórico do contexto da fundação do Estado de Israel para que possamos compreender melhor o tema e suas possibilidades (ou não) de resolução.
O estado de Israel nasceu sob o signo da morte em escala industrial. A Solução final nazista - especialmente a partir de 1942 - mostrou aos judeus europeus que a única alternativa era buscar a proteção de um estado próprio. Esse movimento sionista e nacionalista fora iniciado no final do século XIX pelo judeu vienense, Theodor Herzl (1860-1904), que percebeu a Palestina como uma concreta possibilidade territorial para a fundação de um estado judeu. Em seu livro O Estado Judeu, ele disse: “A Palestina é nossa inolvidável pátria histórica. Esse nome por si só seria um toque de reunir poderosamente empolgante para o nosso povo.” (HERZL, 1954: 67) Herzl passou a estimular a imigração para a Palestina, então sob o domínio do Império Otomano. 
Durante o conflito mundial, as autoridades britânicas admitiram limitar a imigração judaica para a Palestina, pois dependiam do petróleo árabe para seu esforço de guerra. Ao completar as quotas, os imigrantes adicionais eram repatriados. Os extremistas judeus também agiram com violência. Em 4 de novembro de 1944, o Ministro de Estado no Oriente Médio foi assassinado por dois membros do grupo Stern, outra facção do Irgun.
No mês seguinte, o Partido Trabalhista britânico tomou a dianteira e firmou um compromisso permitindo a imigração judaica ilimitada para a Palestina. Por outro lado, Anthony Eden (1897-1977), Ministro do Exterior, assegurou que o governo britânico daria total apoio à união árabe, fato que mostrava as diferenças entre os políticos britânicos a respeito da questão palestina.
Em março de 45 os árabes organizaram a Liga Árabe da Sete Nações, mas tinham poucos pontos em comum, com exceção do anti-sionismo. Quando, poucos meses depois, o líder do Partido Trabalhista se tornou Primeiro-ministro, encontrou a Liga Árabe determinada a impedir a imigração judaica a qualquer custo. Estava claro que os ingleses perdiam cada vez mais o controle da situação. Cada tentativa de reprimir a desordem gerava ainda mais violência. Em junho de 1946 a Haganah dinamitou todas as pontes sobre o rio Jordão. Líderes sionistas foram presos. Em 22 de julho, a Irgun retaliou, dinamitando uma ala do hotel Rei Davi, quartel-general do exército britânico em Jerusalém, matando 91 pessoas, entre ingleses, judeus e árabes






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